Não
mais sentia o calor do sol.
Não
mais percebia a beleza de uma noite de luar.
Não
mais me encantava o brilho das Três Marias.
Não
mais me inebriava o cheiro forte de maresia.
Os dias eram sempre iguais...
Não
mais me emocionava aquela canção antiga.
Nada mais significava aquelas meninas bruxas
no porta - retrato.
no porta - retrato.
Não
mais enxergava o canteiro secreto.
Não
mais precisava da medalhinha dada pela vó.
As lembranças eram sempre muito iguais.
Não
mais me confortava um abraço apertado.
Não
mais me alegrava um telefonema inesperado.
Não
mais me revoltava as injustiças
Não
mais me indignava a indigência humana.
As pessoas agiam sempre iguais.
Não
mais planejava os finais de semana.
Não
mais desejava a barriga da gestante.
Não
mais sonhava com a farra de carnaval.
Não
mais esperava folhear o álbum da família.
Os planos tornam – se iguais, quando
ficam para depois.
Não
mais ouvia meu coração.
Seguia
o fluxo tentando alcançar as metas.
Quanto
mais conseguia, mais me esvaía.
De
tão vazia, menos eu, me sentia.
Igualmente
se caminha a desumanidade.
Sem
beleza própria.
Sem
vontade própria.
Sem
opinião própria.
Sem
amor próprio e ao próximo.
Sem
entusiasmo.
Sem
cor.
Quase
esqueci...
A
essência tornou – se supérfluo.
Quase.
Esqueci.
2005
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