29 janeiro 2015

AO POETA

E quando as dores me sangram
e quando angústia me rasga
e quando tristeza me rouba a dança
e quando o medo me paralisa
e quando a agonia espreme meu coração
e quando o desespero me despedaça a alma...

A luz da sua poesia me resgata e renova 
a coragem de lutar
o paixão pela arte
a crença no homem
a esperança de que sempre será possível !

E volto a seguir
em explosões de amor, riso e gozo...
Viva!
Pela vida  afora...


(2015)



26 janeiro 2015

EVOÉ!!! MERDA!!

Atores...
Servos dionisíacos de
Encarnações voluntárias, viscerais e vitais!

Rompemos a vida
Varando noites
 palco em palco
Saltando sem rede
Entre dramas e comédias...

Ao som do terceiro sinal
As cortinas se abrem...
Coração  a pulsar
Em todos os poros.
O jogo começa!!

Alma exposta
Em foco de luz.

Metamorfose corporal
Em eterno testar de limites.

Olho dentro do outro olhar
Chamando, trocando...
É cena?
É a verdade!!
Pura verdade.

Ser  das mil personas...
No tablado
Transcendes a morte
Ressurges em qualquer época
Ocupando todos os espaços.

Dominas a arena...
És o senhor do tempo!
Provocas o choro
Calas o riso
Embaralhas os pensamentos
Instigas desejos
Convertes, revertes
Aguças, acalmas
Transformas de infinitas formas...

E quando o pano cai,
Em paga...
Bastam as  palmas!






23 janeiro 2015

ESSÊNCIA


Prostrada...
Em busca de ar
procurou o céu.
Enxergou tantas estrelas
que teve vontade de tocá-las.
Movida por uma força pujante
rompeu suas amarras e seguiu...
Horizonte a fora!
Desbravando-se.
Permitindo-se.
O céu sempre estivera lá...
Suas asas, também.
Enfrentando ventanias...
Dançou.
Sorriu.
Padeceu.
Amou.
Sobreviveu,
aos tempos de agonia.
Regozijou-se durante as calmarias.
Reaprendeu :
Viver é essencial à vida.

                                                          (2015)   
FOTO: Patrícia de Paula


                              

22 janeiro 2015

O MOLEQUE BATE - BOLA

Todos os anos ele chegava

trazendo confetes e serpentinas,

era tempo de festa e alegria!




O moleque bate – bola

não queria assustar,

queria apenas brincar, correr,

pular, dançar e cantar

junto com a meninada animada

do Beco  União.




Quando via o bate – bola,

o coração acelerava

ela corria e chorava

grudada às pernas da mãe.

O corpo todo tremia,

trancava os olhos de medo,

soluçava em desespero.




Todos tentavam acalmá – la

dizendo que ele não passava

de um garoto danado, traquinas,

levado e brincalhão


Enquanto isso, o moleque,escondido,

ria gaiato da cara trancada

da menininha apavorada

com medo do seu bate – bola.




Todos os anos ele chegava

trazendo confetes e serpentinas,

era tempo de festa e alegria!




O moleque bate – bola,

não queria assustar,

queria brincar, cantar,

dançar e beijar

junto com a rapaziada

do Beco  União.




De longe, a menina olhava

as artimanhas do bate – bola

para as garotas conquistar.

Aliviada sorria,

ele não mais a intimidaria,

já sabia que o bate – bola,

era só uma fantasia.




Todos os anos ele chegava,

trazendo confetes e serpentinas,

era tempo de festa e alegria.




O moleque bate – bola,

não queria assustar,

queria dançar, cantar,

passear e namorar

a bela moça que vinha de longe

do Beco  União.




A menina que esperava,

sem entender porquê,

ansiosa sua chegada,

estranhava o moleque bate – bola,

que agora, quase não brincava.

Agora só se importava com a moça

vinda de longe do Beco  União.





Distante dos confetes e serpentinas,
Bem longe do Beco União,
o moleque bate – bola e a menininha apavorada
um dia se encontraram.

Ele riu gaiato.

Ela trancou os olhos de torpor.

Viveram tempos de festa e alegria,

convictos que para sempre durariam.




Numa noite estrelada,

de forma inesperada,

a menina, novamente apavorada,

diante do moleque bate – bola,

chorava desconsolada, sem compreender porquê

ele, em silêncio, sem confetes e serpentinas

batia a porta.



                                                          


19 janeiro 2015

TEIMOSIA

Pode ser obra de Deus
Capricho dos Orixás...

Matemática de Einstein

Filosofia de Sartre..
Dúvidas de Beauvoir

Implicância de Nietzsche
Delírio de Balzac...


Mas a verdade é que combinamos.....

Não está na Bíblia
Muito menos o Alcorão...
Quem vê disfarça
Não quer se comprometer...

Mas a verdade é que
Eu
Me
Alinho
Combino
E
Encaixo
Em
Você

(2015)



DESCOMPASSO DAS ARTES

  O encontro inesperado aconteceu
 sob as bênçãos das suas artes...

 Desejo surgido em meio a

 Canções
 Ensaios
 Vocalizes
Marcações
Aquecimentos
Mixagens

Entreatos... Num roteiro improvisado,
Olhares foram trocados
De cara limpa, sem maquiagem...

Mas os beijos...
Ah! Os beijos... Tão bem ensaiados!
Foram adiados...
Pelo descompasso
 Bem marcado
Das suas abençoadas artes...

                       2014


18 janeiro 2015

STATUS: SAUDADE

Me encontro em estado de saudade.
Arrasto minha alma  entre lembranças
que  sequer vivi.
Sinto  sons que despertam meus sonhos.
Os cheiros que ouço me entorpecem.
O gosto preferido está na sua boca...
Fecho os olhos
Pra te ver mais de perto!
Gota a gota, o desejo
Umedece o corpo epilético de prazer.
O coração se apavora
Numa sangria desajustada...
A descoberta de um fogo
Que não queima
Não destrói
Não consome...
Só ilumina.
(2015)


(2015)

ABISMOS VIRTUAIS

Distâncias são encurtadas,
Saudades são ampliadas...
As redes têm disso!
Vivemos  a era das virtuais aproximações!
O real faz de conta ou
o faz de conta que é real?
Posso ouvir sua voz.
Mas o seu cheiro, é a
lembrança em mim impregnada.
Visualizo você, inteiro,
bem ali... na tela.
Mas para ter seu abraço,
fecho os olhos e
meu corpo resgata
as marcas deixadas.
Revelo segredos e sonhos
pensando olhar nos seus olhos.
Estão me olhando... pálpebras, cílios,
Íris, globo e monitor led.
E entre o riso silencioso e intenso
e a pausa quase ofegante...
que precedem o beijo?
Beijo?
Beijo noir...
As redes têm disso...
Encurtam distâncias
e ampliam saudades!
2014

14 janeiro 2015

TRIZ

Não mais sentia o calor do sol.
Não mais percebia a beleza de uma noite de luar.
Não mais me encantava o brilho das Três Marias.
Não mais me inebriava o cheiro forte de maresia.


Os dias eram sempre iguais...


Não mais me emocionava aquela canção antiga.
Nada mais significava aquelas meninas bruxas
 no  porta - retrato.
Não mais enxergava o canteiro secreto.
Não mais precisava da medalhinha dada pela vó.


As lembranças eram sempre muito iguais.


Não mais me confortava um abraço apertado.
Não mais me alegrava um telefonema inesperado.
Não mais me revoltava as injustiças
Não mais me indignava a indigência humana.


As pessoas agiam sempre iguais.


Não mais planejava os finais de semana.
Não mais desejava a barriga da gestante.
Não mais sonhava com a farra de carnaval.
Não mais esperava folhear o álbum da família.


Os planos tornam – se iguais, quando ficam para depois.


Não mais ouvia meu coração.
Seguia o fluxo tentando alcançar as metas.
Quanto mais conseguia, mais me esvaía.
De tão vazia, menos eu, me sentia.


Igualmente se caminha a desumanidade.
Sem beleza própria.
Sem vontade própria.
Sem opinião própria.
Sem amor próprio e ao próximo.
Sem entusiasmo.
Sem cor.



Quase esqueci...
A essência tornou – se supérfluo.
Quase.
 Esqueci.


                                                                                                    2005







10 janeiro 2015

FEITIÇO

Por  ondas sonoras
E com requintes de poesia
O feitiço é lançado...

Me excita os sentidos...Todos!
Me emudece os pensamentos,
Me embaralha as palavras,
Me rouba o olhar...

Mãos, braços, pernas e pés
Se  perdem em sua usual função
Criando novas partituras...

Sua arte me aguça, me
Inspira, me renova e me alegra!!

O riso salta,
As dores silenciam,
As certezas se dissipam...

O futuro vira lembrança
O presente foi o beijo
E o passado é uma incógnita!

Minha alma  vibra
ao acorde do seu cheiro!

Meu coração dispara
Em dissonantes notas...

Enquanto meu corpo
É todo desejo!

      2014








08 janeiro 2015

ME PERDENDO NOS SENTIDOS

DESLUMBRAMENTO...
É quando o coração, arrebatado, enxerga primeiro que os olhos .

ARREBATADO...
É quando paralisamos em estado de êxtase e total impotência.

IMPOTÊNCIA...
É  quando não cabemos  de tanto desejo.

DESEJO...
É quando os sentidos  não têm mais cabimento.

CABIMENTO
É quando a razão tenta   acomodar a frustração.

FRUSTRAÇÃO
É quando a alma acumula vazios.

VAZIOS
É quando perdemos a alegria.

ALEGRIA
É quando, de  repente, nos pegamos
 em estado de total  deslumbramento!
                                                                                               2015           

06 janeiro 2015

VIVA VOZ

Existe alguém, em algum lugar

       Dentro de mim sussurrando...

       Ininterruptamente: VIVA!!

       Viva?

       A minha sobrevida?

       VIVA!

        Incansável e tola sussurra.

       Locomovo-me condicionado:

       Subo – desço – sento – levanto – penso - falo.

       VIVA!

      Alguém sussurra.

       Onde?

       Não há vivas...

       Conduzo-me. Zumbi.

       Tombo.

       Caminho sobre mim.

        Dor.

       Carne, ainda viva.

       Grita!

       Finalmente vejo.

       Agora sim, vida.


                                                                                                                               2004