Ô!! Menino!
Moleque encardido!
Seu lugar não é
aqui, não!
Vai catar latinha.
Vai engraxar sapato.
Vai vender picolé.
Vai limpar meu
chão.
Esse mar,
Essa luz,
Esse céu...
São pra você, não!
Sai par lá!!!
Vem para cá
Imundar a areia,
Onde minha consciência,
branca,
Vem repousar ?
Por aqui,
Pode ficar quem
pega no batente!
Feito seu pai, seus
avós
E esse bando todo
que...
Só me serve, em
silêncio,
Sua existência.
Abre a minha porta.
Carrega minhas
sacolas.
Lava meu carro.
Varre a minha rua.
Recolhe meu lixo.
E levanta logo
esses muros.
Bem altos... Sem
pestanejar!
Quer um lugar no
mundo?
Vai trabalhar!
Acorda bem cedo.
Pois o Sol, pra
você,
Presta apenas para
te despertar!
Aproveita e manda
para mim
Uma preta boa.
De forno, fogão e
cama.
A casa está uma
zona!
A que tinha. Velha.
Botei na rua.
Assim, tua renda
aumenta
E você para de
pingar
Melancolia embaixo da
minha janela.
Atrapalhando a
paisagem que me custou
Mais de um caminhão
de tua gente!
Ah! Faz um favor!
Só desce aqui,
Quando for chamado.
Esquece também isso
de ginga,
De ritmo peculiar, de
molejo,
Cantoria, samba, arte...
De genialidade
popular!!
Só no carnaval! Aí, tudo bem!
Depois... Queima a
fantasia.
Não alimenta
esperança, Moleque!
Se tentar voar
alto.
Suas asas, são
nosso alvo!
(2015)
FOTO: Patrícia de Paula
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